A Prefeitura de Jordão, município isolado no interior do Acre, decretou estado de calamidade pública nesta terça-feira (20) em razão da seca extrema que tem assolado a região. Com uma população de pouco mais de 9 mil habitantes, Jordão depende quase exclusivamente dos rios para o abastecimento de insumos e alimentos. No entanto, o baixo nível das águas tem agravado o isolamento do município, fazendo com que as mercadorias demorem até 40 dias para chegar.
O município, localizado a 460 km da capital Rio Branco, já havia decretado situação de emergência devido à crise hídrica. Segundo a coordenadora da Defesa Civil de Jordão, Maria José Feitoza, a seca é a pior dos últimos 40 anos, intensificada pelos efeitos do fenômeno El Niño e do aquecimento dos oceanos, conforme apontado por uma norma técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA).
A navegabilidade dos rios que cortam Jordão está severamente comprometida. Barcos que antes transportavam até 10 toneladas de mercadorias agora conseguem carregar, no máximo, 400 quilos, e a viagem de Tarauacá, de onde provêm os suprimentos, passou a demorar entre 20 e 40 dias. O transporte aéreo, embora mais rápido, é custoso: o preço do frete aéreo alcançou R$ 8 por quilo, aumentando ainda mais o desafio para o abastecimento do município.
O decreto de calamidade pública, válido por 180 dias, foi uma medida necessária para intensificar as ações de emergência e buscar apoio estadual e federal para enfrentar a crise. "A situação é crítica. Sem estradas que liguem Jordão a outras cidades, o isolamento só aumenta, e a população já sente os impactos da escassez", afirmou Maria José Feitoza ao g1.